Num dia triste de chuva
Foi minha irmã quem me chamou pra ver
Era um caminhão, era um caminhão
Carregado de botão de rosas
Eu fiquei maluca
Por flor tenho loucura, eu fiquei maluca
Saí
Quando voltei molhada
Com mais de dúzias de botão
Botei botão na sala, na mesa, na TV, no sofá
Na cama, no quarto, no chão, na penteadeira
Na cozinha, na geladeira, na varanda
E na janela era grande o barulho da chuva
Eu fiquei maluca
(linda música de Luis Capucho, na voz de Cássia Eller)
Que toda mulher gosta de rosas, a canção está aí mesmo a nos lembrar. É o segundo melhor presente que adoramos ganhar. Em primeiríssimo lugar, absoluto, estão os diamantes, claro, que ninguém é de carvão.
Sou alucinada por flores – quando recebo, é momento que me deixa, realmente, nervosa. E feliz, como com nenhum outro presente (já tenho tantos solitários, à maneira de Hebe Camargo, que uns vão fazendo companhia aos outros, se distraem entre si, e me liberam para me emocionar com mais orquídeas, colombianas, copos de leite...).
E não acredito que alguém nesse mundo, com sensibilidade grau 0,1, possa ter algo contra essa explosão de cores que a natureza tão prodigamente nos oferece.
Destarte, não consigo entender porque elas se encontram, invariavelmente, fora de todo e qualquer projeto de paisagismo urbano. Não estão nos parques, nas praças, nas entradas dos edifícios...
Se colocarmos alguém vendado na frente de um dos luxuosos prédios da Delfim Moreira e pedirmos que abra os olhos, certamente afirmará estar em uma região semi-árida. Abundam vegetações agrestes, até cactus (com todo o respeito a eles) despontam imponentes dos canteiros, onde estou sempre à cata de alguma delicadeza, uns tons de violeta, amarelo.
Gente, vasinhos nas janelas deixam lindos os prédios mais velhinhos, mais feinhos. Isso é tão comum lá fora...
Um ambiente, uma sala, com uma flor que seja, irradia e inspira vida, criação, renovação. Adoça a alma. Numa mesa para um jantar bacana, cheio de afeto, não é só comida e vinho que se harmonizam. Uma florzinha é o detalhe que muda tudo.
Vós, que sois síndicos, presidentes de associações de moradores e/ou tendes amigos na imprensa, valei-nos: clamemos por mais flores em nossos dias.