quarta-feira, 30 de dezembro de 2009

Sonhos não envelhecem: temos o tempo do mundo


Te agradeço por tudo, 2009. E te reverencio com:

"Tempo afora", com Fred Martins:


"Clube da Esquina II" (Milton Nacimento, Lô Borges e Marcio Borges), com Milton:


"Flor de ir embora" (Fátima Guedes), na voz de Maria Bethânia:


E seja muito bem-vindo, 2010!

Essa padaria, sempre de olho em fornadas de sonhos, deseja que, em nome deles, removam-se montanhas, abram-se as águas, limpem-se os céus.

Lancemo-nos apaixonadamente em sua direção.

São irrepetíveis as epifanias do tempo.


"É preciso saber viver" (Roberto e Erasmo), com os Titãs:

terça-feira, 29 de dezembro de 2009

Respirar o amor, aspirando liberdade


"Nobre vagabundo" (Marcio Mello), com Daniela Mercury:

Soneto da porta
                                               (Lêdo Ivo)
Quem bate à minha porta não me busca.
Procura sempre aquele que não sou
e, vulto imóvel atrás de qualquer muro,
é meu sósia ou meu clone, em mim oculto.
Que saiba quem me busca e não me encontra:
sou aquele que está além de mim,
sombra que bebe o sol, angra e laguna
unidos na quimera do horizonte.

Sempre andei me buscando e não me achei:
E ao pôr-do-sol, enquanto espero a vinda
da luz perdida de uma estrela morta,

Sinto saudades do que nunca fui,
do que deixei de ser, do que sonhei
e se escondeu de mim atrás da porta.

"Senhas", com Adriana Calcanhotto:
http://letras.terra.com.br/adriana-calcanhotto/66697/


Eu gosto dos que têm fome
E morrem de vontade
Dos que secam de desejo
Dos que ardem


"Raios da Manhã", com Jorge Vercillo:
http://vagalume.uol.com.br/jorge-vercilo/raios-da-manha.html

segunda-feira, 28 de dezembro de 2009


Siri Mole, Atlântica, domingo


My Romance, com Carly Simon:



 Meu amor
                                                                                      (Paul Éluard - tradução de Antonio Cícero)

Meu amor por ter figurado meus desejos
Posto teus lábios no céu de tuas palavras como um astro
Teus beijos na noite viva
E o rastro de teus braços em torno de mim
Como uma chama em sinal de conquista
Meus sonhos estão no mundo
Claros e perpétuos

E quando tu não estás
Sonho que durmo sonho que sonho



Por falar em Antonio Cícero, posto aqui trechos de um texto dele sobre o tédio que li hoje:

"Quase todos os nossos tédios são, como diz o poeta Paul Valéry, 'nossa criação original´. Difamar o mundo -e o mundo é sempre o mundo contemporâneo-, chamando-o de tedioso, diz muito sobre o difamador e nada sobre o mundo. Este não pode ser classificado nem de tedioso nem de interessante, pois é nele que se encontra tudo o que pode haver de interessante e de tedioso. Por isso, ele é entediante para quem é entediante, superficial para quem é superficial, profundo para quem é profundo, e interessante para quem é interessante.

Assim é que, por exemplo, com um estado de espírito oposto ao do difamador do mundo, Montesquieu anotou num caderno que quase nunca tinha tristeza, e menos ainda tédio. Na mesma página, escreveu também: "Acordo de manhã com uma alegria secreta; vejo a luz com uma espécie de arrebatamento". Esse, sim, é um sentimento verdadeiramente superior.

Como é possível ser tediosa a vida de uma pessoa que dispõe do seu tempo?

Creio que a resposta é que o tédio costuma acometer qualquer um que tenha orientado tudo na sua vida por uma única causa final.

A pessoa para quem o tédio se dá desse modo é aquela que tem um interesse obsessivo por uma só coisa. Nesse caso, encarando todas as demais coisas como meros caminhos ou obstáculos para a consecução do seu objetivo, ela as destitui de qualquer interesse intrínseco.

À medida que, em vez de facilitar o avanço dela rumo a esse ponto final, algo possui uma espessura e opacidade própria, à medida que exige atenção para si mesmo, passa a ser um obstáculo. Sendo assim, o tempo que, a contragosto, tal pessoa é obrigada a lhe dedicar, passa a ser um tempo de desvio, tempo que gostaria de ver passar o mais rapidamente possível, abrindo-lhe novamente caminho para a retomada da corrida rumo à finalidade última. Tal é o tempo do tédio, que ela tenta "matar", como se o tempo não constituísse a própria substância da vida.

O ponto final pode ser, por exemplo, uma paixão devoradora, que atropele tudo o mais. Digamos que uma pessoa vá a uma festa esperando ver o objeto de sua paixão e, lá chegando, não o veja. Então a festa que, não fosse por essa frustração, poderia ser uma delícia, torna-se, para ela, o mais puro tédio. Sem ganhar o objeto da paixão, ela perde o mundo".

domingo, 27 de dezembro de 2009


"Amores possíveis", com Antonio Villeroy:
 
"Fênix" (Jorge Vercilo e Flavio Venturini), com Vercilo e Leila Pinheiro:

"Minha vida, nossas vidas formam um só diamante" (Drummond).

sexta-feira, 25 de dezembro de 2009

quinta-feira, 24 de dezembro de 2009

Feliz Natal


Visconde de Caravelas, quarta


"Quando eu fecho os olhos", de Chico Cesar e Carlos Rennó, na voz de Gal Costa:

 

"Doce presença", de Ivan Lins e Vitor Martins, com Mariana Leporace:






 
Meza

"Eu sei que vou te amar", de Tom & Vinícius, com Caetano Veloso:


terça-feira, 22 de dezembro de 2009

Queridos

Fotos: Academia da Cachaça

Em relação aos comentários que recebi sobre bastidores de entrevistas, interessante a menção do meiquinofe dos Caruso. A esposa do Paulo, Julia, a quem não conheço pessoalmente, me mandou um email, antes de a entrevista ser publicada, que muito me emocionou, em cima da leitura da prévia que postei aqui.

A propósito do que está por trás dessas conversas, lembrei de uma entrevista que fiz ano passado com Simon Khoury, que tem no currículo uma infinidade de entrevistas esplêndidas com todos os nomes importantes do universo artístico brasileiro. Tantas delas acompanhei com avidez, bem menina, no rádio, no programa Noturno, da JB FM. Sobre a técnica de entrevistar, ele me disse: "Mais importante do que o artista me dizia, era observá-lo em sua casa, a forma como falava com seus filhos, seus empregados. Olhar seus objetos, suas coleções. Isso dizia mais do que suas palavras para traçar um perfil". Tão importante essa declaração do Simon, em tempos modernos que impõem entrevistas por telefone e por e-mail.

E me ocorreu a primeira entrevista que fiz na vida, com Caetano Veloso, aos 17 anos, para o jornalzinho do colégio, com meu amigo Paulo Cesar Vasconcellos. Caetano nos encaminhou para um cômodo que seria não exatamente o escritório dele, mas um ambiente comum no apartamento térreo de fundos da Delfim Moreira. Eu observava com curiosidade aguda os objetos. Discos de outros artistas em separado do restante foram os focos da minha atenção, para saber o que ele estava ouvindo naquele momento.
Os dois, CV e PC, como bons leoninos, falavam pelos cotovelos. Eu, lá, sentada no chão ao lado do mano de Bethânia, quieta como um araçá azul. Caetano, irritadíssimo com a Veja (com a gente, dois pirralhos, foi educadíssimo, gentilíssimo), discursava sem parar, como se estivesse diante de um importante órgão de imprensa. E eu, tonta ali, com meu ídolo, encostando cotovelos. Parecia um sonho, não uma entrevista.

                                                          

Tempos depois, já trabalhando, recebi uma pauta para entrevistar...Tom Jobim. E pauta bem específica, para uma edição especial sobre Brasília. Tom compôs com Vinícius - encomendada pelo presidente Juscelino Kubitschek - a "Sinfonia da Alvorada". E disso deveríamos tratar.

Primeiro, devo dizer que nem em sonho achei que conseguiria marcar a entrevista. Ligamos para a assessora de imprensa, Gilda Mattoso (que - olha como são as coisas - vim a entrevistar ano passado para a Carioquice), na esperança vã. Pouco tempo depois, retornava Gilda, marcando a conversa com Tom para o dia seguinte, às 11h. Eu nem sabia o que pensar. Too good to be true.


                                                   

No horário marcado, lá estava eu, na porta da casa da rua Sara Vilela, no Jardim Botânico. Toquei a campanhia. Quem chega no portão? Sim, o maestro soberano em pessoa. Sem empregados, assessores, nada. Ele: "Ah, não estou sabendo de entrevista, não. Mas, vamos entrando". Ficamos conversando naquele lindo e ensolarado estúdio que sempre aparece nas entrevistas.

Como falei, eu tinha uma pauta bem específica a cumprir. Mas quem disse? Ele só falava o que queria. "O que o homem deseja? Escravizar o índio, a mulher, a natureza...". Enfim, transcorreu uma Basf 90 inteira com Tom falando de tudo. Menos da Sinfonia. Àquela altura, mesmo em início de carreira, eu já tinha alguma experiência para extrair o que precisava de empresários, autoridades. Mas não DESSA autoridade. Que se impunha tão suavemente, como fazem as autoridades genuínas.

Confesso que foi difícil escrever a matéria depois, com pouquíssimos dados a respeito do tema em questão. E nem preciso lembrar que na época nem havia Google para oferecer tudo de bandeja. Claro que hoje, experiente, conseguiria um jeitinho de obter mais informações sobre o processo de composição e gravação da Sinfonia. Mas, enfim...como a revista era de Arquitetura, achei um artifício de abrir a matéria falando sobre o projeto da casa...que ele, depois da construção pronta, resolveu suspender a laje de cobertura para aumentar o pé direito...ufa!...Dei minha enrolada e, no final, tudo certo. A matéria saiu e eu guardo esse dia do encontro com Tom como um momento privilegiado e sublime.
 
                                                       

Vamos viajar com "Querida": http://www.youtube.com/watch?v=PO80dElNF8s

 

segunda-feira, 21 de dezembro de 2009

Una giornata particolare


A extasiantemente bela "Milonga del angel", de Piazzolla: http://www.youtube.com/watch?v=bbdakZjHTys&feature=related.

De chorar de tão bonita. Sempre me remete à subida da estrada de Friburgo em final de tarde, bem devagar, cortando as montanhas lindas, até chegar à nossa casinha, em Serra Nevada, onde reinava o blackcherry tea para enfrentar o frio. Essa foto  de cima, claro, é do Jardim Botânico. Mas, da mesma forma, me lembra a vista deslumbrante que tínhamos - com pinheiros no lugar das palmeiras.

Salvo engano, é o último álbum do mestre, em que ele escreve algo como "colocamos nossas almas nele". Isso mais que transborda nessa música melancólica, densa, tensa, emocionante, arrebatadora.

Quando este disco saiu, eu andava inebriada com ele. Logo depois, estava no aeroporto de Congonhas, esperando uma conexão para Porto Alegre. Vi um senhor que me pareceu muito familiar. Mas eu não poderia acreditar que se tratava de quem eu estava imaginando. De imediato, a presença de músicos confirmou o verdadeiro choque de realidade. Piazzolla veio caminhando em minha direção e sentou-se na cadeira colada a minha. Sabe o que fiz? Nada. Mas isso foi uma atitude imatura, própria da idade na época...Hoje...ah, hoje! Sabe o que eu faria? Nada. O que haveria a ser feito?

Tenho historinhas assim. De outra vez, estava eu sozinha num bar em Parati, esperando amigos. Eis que adentra um homão, também sozinho, no recinto. Pensei: hum...conheço esse cara. Será amigo do meu pai? Nem deu tempo de conjecturar, quando o homem emitiu aquela sonoridade completamente sedutora da língua italiana. Era Marcelo Mastroiani que, claro, estava filmando "Gabriela" na cidade. É possível pensar numa cena dessa hoje, sem um mísero paparazzo de tocaia? E ele lá. Gigante. Entrou e saiu só e ninguém nem tchuns. Me encantei com MM em "Una giornata particolare", que vi no velho e bom Pax, em frente à praça Nossa Senhora da Paz. Que filmaço! (de Ettore Scola, com Sophia Loren). Olha isso: http://www.youtube.com/watch?v=4rZrr-uEYbE.

quinta-feira, 17 de dezembro de 2009

Você vem comigo?

Bistrô da Ponte

Para ser grande, sê inteiro:
nada teu exagera ou exclui.
Sê todo em cada coisa.
Põe quanto és no mínimo que fazes.
Assim em cada lago a lua toda brilha,
Porque alta vive.
(Fernando Pessoa)












                                                                                   Jardim Botânico  






Sempre tive loucura por esse tema de Pat Metheney, que ganhei em CD em janeiro deste ano (eu só tinha a do álbum em vinil Offramp).

Vi o show dele, na primeira edição do Free Jazz, no teatro do Hotel Nacional-RJ, que durou 3 horas. Estupendo!



Particularmente nesta música, ele ia trocando de guitarras, numa sucessão de diversidade de timbres e intensidades alucinante.




Sempre achei incrível a forma como a evolução da linha melódica vai transmitindo, sem palavras (e não é que achei uma versão com vocalises de Anna Maria Jopek?), o universo mágico de uma conquista in progress.  


"Você vem comigo?" começa branda na ideia do convite, vai crescendo num envolvimento contagiante até alcançar o clímax de um pedido desesperador.















e na versão vocal com Jopek:
http://www.youtube.com/watch?v=m8-3DQ7yjvs
  
 

Busca & Fertilidade


A questão não é o que se come entre o Natal e o Ano Novo, mas o que se come entre o Ano Novo e o Natal. Ah, quanta sabedoria embutida nesta singela frase...

Como em todo final de ano, aparecem aquelas enxurradas de dicas na mídia a nos orientar como não adquirir (mais) calorias indesejáveis neste período.

Gente, na boa, quem é que pode engordar mais que um quilo - um e meio, vá lá que seja - em apenas uma semana? E se acontecer? A alface não há ter sido criada em vão! E o agrião está aí para quê?

Os conselhos chegam aos turbilhões. Privilegie as frutas, frescas e secas. As nuts fazem bem à saúde, mas consuma com moderação, porque têm muita gordura, embora não trans. Eleja carnes magras. Vá de saladas com molhos lights, à base de iogurte. Faça um lanchinho antes da ceia, tipo meia fatia de pão integral, meia fatia de queijo branco e meia fatia de peito de peru. E não esqueça de levar uma maçã, para resistir às tentações das sobremesas.

Como é que é??? Fazer lanchinho antes de ceias preparadas com tanto esmero, com as comidas mais deliciosas? Vê lá se sou mulher de comer gelatina para me prevenir contra torta de chocolate! Ainda mais por ostentar com orgulho o salvo conduto de não pisar no mesmo ambiente frequentado por rabanadas. Só de pensar naquela fritura açucarada embebida em ovo e leite...blargh! Nem deixando a Defesa Civil de sobreaviso. Honestamente, há que se ter dignidade até para engordar.

Cara, se já temos que atravessar o ano todo evitando frituras, gorduras e tudo o mais, será que não dá para uma vez ao ano merecermos uma farofa multifacetada, com, digamos, assim, uma dúzia de ingredientes, de castanha a azeitona?

Minha indignação atingiu o clímax ao ler, outro dia, uma matéria com orientações para que a criança não engorde em uma festa de aniversário...Ah, peralá, vamos ser francos! Quem gosta de comer em festa de criança somos nós, adultos!!! Desde quando crianças, se têm, no cotidiano uma alimentação equilibrada, engordam em suas comemorações? Estão mais ocupadas em gastar calorias, brincando sem parar.

O fato é que ninguém vive sem comida. A falta dela é responsável pelo triste quadro que bem sabemos existir em nosso e em muitos países.

Quando criança, não havia o que me fizesse entender a importância do tal “comércio de especiarias” no circuito econômico internacional. E o caminho marítimo para as Índias, concebido com o intuito de monopolizar esse business? As especiarias eram consideradas o ouro das Índias. A canela, o gengibre e a pimenta, produtos difíceis de obter e pelos quais se esperavam mercadores do Oriente.

Minha visão infantil de subsistência sustentável não conseguia assimilar que o mundo necessitasse tanto de commodities além de feijão, arroz, bife, purê de batatas, biscoitos e, blue chips!, granulados de chocolate para o brigadeiro.

Com o passar do tempo, fui reconhecendo que, de fato, a vida sobre a Terra não é possível sem pimenta do reino. Comida é cultura e, como tal, um dos elementos importantes para recontar a história dos povos – e seus manejos de sobrevivência. E, fundamentalmente, um convergente de afetos em volta de uma mesa.

Ah, quer saber? Entendo os que são obcecados por não engordar 1 grama. Afinal, equilíbrio é indispensável. E seus corpinhos precisam estar em harmonia com a tenrice dos respectivos cérebros.

Neste Natal, quem é de apreciar a boa mesa, que aprecie, sem neuras.

O mais fino alimento será sempre abraçar os que amamos.



O melhor de tudo é que, mesmo que o tempo desconheça a cronologia humana, podemos aproveitar o efeito simbólico para um recomeçar diferente. Que não fique apenas em iniciar uma dieta.

Em tempos de preocupação mundial com o bem estar do planeta, que tal estabelecer metas voluntárias de mitigação de sobrepesos emocionais, desimportâncias, ruídos paralisantes, avarezas e saudades, por exemplo?

Essa padaria, que se empenha com afinco no garimpo de ambrosias físicas e espirituais, deseja-vos:

* Busca, sempre – essa palavra mágica. E que trabalho que dá! Tão mais fácil o conforto do já conquistado, copiar os desenhos tantas vezes já feitos.

* E fertilidade.


Obs: Baideuêi, alvíssaras: até que enfim achei um patê de fígado decente - não industrializado, ça va sans dire. A quem interessar, no Talho Capixaba: Patê Toscano. Geladinho, com torrada integral. Bonzão!



Padaria Momento Explosão Passional:

Ana Carolina canta “Evidências” (José Augusto-Paulo S. Valle):
http://www.youtube.com/watch?v=SH9rZV0FqPA

Chicas cantam “Espumas ao vento” (Accioly Neto):

quarta-feira, 16 de dezembro de 2009

Gôndola Café, terça                      


                  
      

       "O que lembro, tenho"
           (Guimarães Rosa)






"Nenhuma presença é mais real que a falta" (Myriam Fraga)



"Há um contar de si no escolher" (João Cabral de Melo Neto)




O super Gato Barbieri em Last Tango in Paris:

terça-feira, 15 de dezembro de 2009

 Azul Marinho, segunda

Um corpo quer outro corpo
Uma alma quer outra alma e seu corpo

Este excesso de realidade me confunde
(Adélia Prado)



Arthur Rubinstein - Chopin - Heroic Polonaise Op. 53



segunda-feira, 14 de dezembro de 2009

Vivement dimanche

Após um fds às voltas com modelos de regulação do mercado de capitais, um finzinho de domingo bom demais. Até rimou.

Venga, domingo

Vídeo da linda Luar de Sol, de Jorge Vercillo:

"Deixa-me respirar longamente, longamente, o cheiro dos teus cabelos, mergulhar neles o meu rosto inteiro, como um homem sedento na água de uma fonte, e agitá-los com a minha mão como um lenço cheiroso, para sacudir lembranças no ar". - Baudelaire, O spleen de Paris, XVII.

Se me chamasses 

Se me chamasses, sim,
se me chamasses!
Deixaria tudo,
preços, catálogos,
o azul do oceano nos mapas,
os dias e suas noites,
telegramas antigos
e um amor.
Tu, que não és meu amor,
se me chamasses!
E ainda espero tua voz:
telescópios abaixo,
lá da estrela,
por espelhos, por túneis,
por anos bissextos
pode ela vir. Não sei donde.
Do prodígio, sempre.
Porque se tu me chamares
- se me chamasses, sim, se me chamasses! –
será de um milagre,
incógnito, sem o ver...

(Pedro Salinas)

quarta-feira, 9 de dezembro de 2009

Tela quente, tela fria



Abraços partidos - Assistido no Leblon 1. É bom.




Chanel avant Chanel - Assistido na Laura Alvim. Lindo, lindo...Audrey Tautou na medida, trilha sonora maravilhosa.


Julie&Julia - Assistido no Leblon 2. Boring. Um filme sobre cozinhar que não dá vontade de fazê-lo (nem de comer)...hum...alguma coisa ali está fora da ordem para o meu paladar. Logo no início, tive ânsias de sair correndo do cinema, com o modo de comer do marido de Julie. Céus, o que é aquilo? Aula de etiqueta do homem de Neanderthal? Disgusting!

De cara, também estranhei Maryl Streep, sendo a atriz que é, numa emissão vocal três tons acima, já que (em vã suposição) ponderei que ninguém fala daquela maneira. Mas, em se tratando dela - que, improvavelmente, iria errar na mão -, ao chegar em casa, me dei ao trabalho de catar na internet uma imagem com áudio da verdadeira Julia Child, para conferir se era aquilo mesmo. E era. Logo, a composição de MS é, comme d´habitude, precisa.

A questão, portanto, corre ao largo da interpretação. Longa demais (já ouvi gente dizendo que dormiu), a película tem de bom mesmo...Paris. Ainda assim, em pouquíssimas cenas. Impossível não lembrar de Festa de Babette (com Stéphane Audran) ou Chocolate (com Juliette Binoche). Mas o que esperar dos EUA abordando...gastronomia? Claro que, só para ficar nesses três filmes, a comida é fio condutor para retratar as relações humanas. Contudo, J&J, diferentemente dos outros dois, não toca, não emociona, não expõe conflitos e superações de forma convincente. Lógico que não esperava nenhum filme de arte, apenas diversão. Mas nem isso. Os personagens são muito sem pegada...Ainda bem que no começo tem um gostinho de Paris. 
Baideuêi, falando em comida, não vejo a hora de degustar a maravilhosa edição de Afrodite, Contos, Receitas e Outros Afrodisíacos, livro de Isabel Allende, que ganhei de presente. Mas, para esta cerimônia de leitura, pelo que já andei folheando, melhor passar antes numa... Deli...


segunda-feira, 7 de dezembro de 2009


Arpoador, quinta

                                                                                                                                                                                                                                                                  



Yume, quinta




 
 
 
 Sambaíba, sexta                                                                                       Diagonal, sábado


Mok, domingo

                                                                                                                    
     Minha família, meus amores, meus amigos queridos, agradeço a todos pelo afeto de sempre.

Vocês são o sentido profundo e iluminado dos dias.