sábado, 21 de agosto de 2010

Paraísos sensoriais


O que anda fazendo a festa dos sentidos no cardápio da Padaria:

- Exposição "Anita Malfatti - 120 anos de nascimento", no Centro Cultural Banco do Brasil. Delícia passar uma tarde de sábado no lindo CCBB.

- Exposições: "Flieg: fotógrafo" (interessante mostra sobre a indústria no Brasil, sobretudo na década de 50, e + arquitetura e design). E "Fred Sandback: o espaço nas entrelinhas" (sei lá, mil coisas...). Sempre de outro mundo a atmosfera de introspecção abençoada pela natureza do Instituto Moreira Salles.


E na sequência...O restaurante "Espírito Santa", em Santa Teresa. "Trouxinhas de axé" (pacotinhos de vatapá de camarão, assado na folha) e caranguejo envolvido em uma finíssima massa de arroz.



Na sequência, bobó de frutos do mar com acaçá e filé de namorado grelhado com crostas de castanhas sobre broto de palmito de pupunha.No caminho de ida e volta, a paisagem incansavelmente deslumbrante da Baía de Guanabara. E tudo isso, na mais fina companhia.




- No cinema, "Uma noite em 67" (de Renato Terra e Ricardo Calil, no Estação Ipanema), sobre o final do Festival da TV Record. Uma viagem: Roberto, lindo, com "Maria, carnaval e cinzas", e Chico, emocionante, em "Roda viva".

- No rômitíatra, "Estômago", filme de Marcos Jorge (Ah, a potência mágica da comida...). E "Café dos maestros" (direção de Miguel Kohan), concerto com mestres do tango argentino gravado no Teatro Colón, em Buenos Aires. Muy bello!
 
- "O mundo pós-aniversário" é o que ando lendo (e adorando), depois de passar pelo atordoante "Precisamos falar sobre o Kevin", da mesma autora, Lionel Shriver. O tema é apaixonante: escolhas - as que fazemos e as que, por eliminação, descartamos (estas, com seus decorrentes e improdutivos `Mas, e se tivesse sido outra a opção`...)
 
- Entrevista do pianista e maestro João Carlos Martins para Marília Gabriela, no GNT (8/8). Emocionante depoimento de uma vida de reinvenções. Disse ele: "Passamos a vida correndo atrás dos nossos sonhos. Até que um dia, os sonhos nos perseguem" (http://gnt.globo.com/Marilia-Gabriela-Entrevista/index.shtml).

- O vídeo "Mercearia Paraopeba - Um armazém das antigas" (http://www.youtube.com/watch?v=aUiWgtIGJwU). Delicado, sensível, tocante. De chorar de tão bonito. E de acreditar que o ser humano é viável.


- Este trecho de um poema de Marcelo Pires:

Amor não faz de conta
Amor, não é ator, não é atriz.
E se agora nós dois
fazemos, refazemos, não foi por (nos) querermos
O amor foi que nos quis.


E a vida, o que é, doutoras e doutores? Surpreendente...Fascinante! Celebremos com duas músicas lindas, lindas do novo CD de Antonio Villeroy e que tocam aqui sem parar:


"Recomeço", com ele e Maria Gadu, e "Um e dois". Ambas podem ser ouvidas em:


terça-feira, 3 de agosto de 2010

A boneca


Escrevo sob o impacto do artigo "A boneca inflável de cada um - Será que precisamos destruir tudo o que é diferente?", da jornalista Eliane Brum, na revista Época.

O texto parte do filme "Lars and the real girl" (dirigido por Craig Gillespie), que aqui recebeu a tradução de (ui) "A garota ideal".

A percepção estupenda de Eliane dispensa palavras adicionais (o "ideal" e "real" é lê-lo na íntegra em http://revistaepoca.globo.com/Revista/Epoca/0,,EMI159556-15230,00-A+BONECA+INFLAVEL+DE+CADA+UM.html).


O artigo é uma reflexão linda sobre o quanto os "diferentes" (como se cada um de nós não o fôssemos, naturalmente) nos causam incômodo, desconforto, repulsa. Ou seja, sobre nossa incrível incapacidade de lidar com a essência e as particularidades do outro, com o que nos escapa e, portanto, nos confunde, choca, estarrece. O que é o mesmo que não saber lidar com a nossa própria essência, de que tanto buscamos fugir, ignorar, abafar. E que tanto evitamos, em profundidade, conhecer. Por faltar coragem - que palavra essa.



Quanto ao filme, é uma metáfora bem interessante. Seu final é que, no meu olhar, desconstrói a força do sugerido ao longo de toda a narrativa. Algo como um "wellcome back to reality", quase que numa contradição em termos de sua própria proposição. Pas grave.

Deixo, de novo, essa canção tão bonita, já postada antes: "O Mundo", de André Abujamra, com Ney Matogrosso e Pedro Luís e a Parede, falando das tais (às vezes nem tanto) sutis diferenças.

As fotos viajantes seriam de quem mais? Roberta Lenzi!