terça-feira, 21 de setembro de 2010

Algumas coisas acontecem no meu coração



Fim de semana em Sampa. Na sexta, jantar maravilhoso no Josephine (Vila Nova Conceição).




E mergulho com fôlego e sentidos aguçados na maratona cultural:

Estação da Luz


Museu da Língua Portuguesa

Incrível! Um paraíso mágico de informações para os apaixonados da última Flor do Lácio ("Amo-te assim" - como Bilac à nossa língua - "desconhecida e obscura"). Pena ter que ser tão corrido. Uma semana direto ali e seria pouco...Ainda mais com a primazia de abrigar a exposição "Fernando Pessoa, Plural como o universo", que só em março chegará ao Rio. E daria pra esperar? Sim, mas...não deu. Quanta alegria para mim, que sonho com o acesso profundo de todos à cultura, ver a tecnologia a serviço da intensidade e complexibilidade da vida do poeta, disponibilizada de forma gratuita. Emocionante.







Pinacoteca

Linda a exposição de fotos P&B de Gaspar Gasparian







Sala São Paulo

Concerto da Orquestra Sinfônica de São Paulo com obras de Leonard Bernstein e Mahler. Era um sonho conhecer esse espaço, concebido como uma das melhores acústicas do país. Projeto interessantíssimo: nenhum luxo, conforto, limpeza e som de primeira.






Emoções Baratas

Remontagem do espetáculo dirigido por José Possi Neto, em 1988, com músicas de Duke Ellington. Amei tanto a versão original que foi irresistível querer assitir à nova, em cartaz no Estúdio EMME. Músicos, bailarinos e cantoras esplêndidos. Valeu - e muito - a volta.




Masp
 
"Se não neste tempo" (Pintura alemã contemporânea 1989-2010) e a bela 18ª edição da Coleção Pirelli de Fotografia. Sem falar que é sempre um privilégio viajar pelo acervo permanente e rever, sobretudo, meus adorados impressionistas.

Nem vou me ater à beleza da arquitetura de todos esses prédios. Mas gostaria de destacar o trabalho de sinalizações e acessos desenvolvido pela Secretaria Municipal da Pessoa com Deficiência e Mobilidade Reduzida nos equipamentos públicos. O melhor de tudo foi observar essas adaptações acompanhada das explicações da arquiteta Norma Lúcia Reis, minha amada amiga Lulu, anfitriã perfeita de sempre em Sampa. Ela participou, pela prefeitura, de todo esse processo de instalações de mobilidade urbana. O Rio precisa urgentemente fazer o mesmo.

Lulu, querida, não temos como agradecer a acolhida calorosa (no frio maravilhoso!) e atenciosíssima. Salve, Sampa! E uma linda semana de lua cheia a todos.
 

Como trilha da terra da garoa, a pungente "Saudade" (Moska e Chico Cesar), nas vozes de Maria Bethânia e Lenine.

saudade a lua brilha na lagoa
saudade a luz que sopra da pessoa
saudade igual farol engana o mar, imita o sol
saudade sal e dor que o vento traz

saudade som do tempo que ressoa
saudade céu cinzento à garoa
saudade desigual, nunca termina no final
saudade eterno filme em cartaz

a casa da saudade é o vazio
o acaso da saudade, o fogo frio
quem foge da saudade preso por um fio
se afoga em outras águas, mas no mesmo rio

http://www.radio.uol.com.br/#/musica/maria-bethania-e-lenine/saudade/202877?action=search

sexta-feira, 10 de setembro de 2010

Nave iluminada


Leio (adorando) "Trem noturno para Lisboa", de Pascal Mercier.


E vi "Ímã", espetáculo comemorativo dos 35 anos do grupo Corpo, no Teatro Municipal. Céus! O que é o Municipal pós-reforma, visto de que vem caminhando na direção dele pela praça da Cinelândia? Uma abençoada nave iluminada, um monumento divino e silencioso em suspensão, em meio à balbúrdia do trânsito intenso de veículos e de pessoas.

É um dos cenários que mais me fascinam no Rio: o quadradinho mágico, envolvendo o Municipal, o Museu de Belas Artes, a Biblioteca Nacional e a Assembléia Legislativa. Tudo tão bonito e cheio de representações para a vida da cidade. Mas o que dizer do entorno, da praça que poderia (e deveria) ser o elemento catalisador dessas edificações magníficas? Abandono, incúria, negligência....Isso porque me abstenho de falar da tristeza quanto ao desprezo à Praça Paris...De chorar pelo que poderia ser um Jardim de Luxemburgo, Tuileries...




E no rômitíatra:

Chico Xavier / Invictus / Entre dois irmãos / Preciosa / O menino do pijama listrado / Segredos íntimos / Budapeste / Há tanto tempo que te amo / A partida


Deixo-vos com Alberto Caeiro:
 
Não sei quantas almas tenho.
Cada momento mudei.
Continuamente me estranho.
Nunca me vi nem acabei.
 
De tanto ser, só tenho alma.
Quem tem alma não tem calma.
Quem vê é só o que vê,
Quem sente não é quem é,
 
Atento ao que sou e vejo,
Torno-me eles e não eu.
Cada meu sonho ou desejo
É do que nasce e não meu.
 
Sou minha própria paisagem;
Assisto à minha passagem,
Diverso, móbil e só,
Não sei sentir-me onde estou.
 
Por isso, alheio, vou lendo
Como páginas, meu ser.
O que sogue não prevendo,
O que passou a esquecer.

Noto à margem do que li
O que julguei que senti.
Releio e digo : "Fui eu ?"
Deus sabe, porque o escreveu.


E essa maravilha: Fly me to the moon (Bart Howard), com Paula Toller.

 

quarta-feira, 1 de setembro de 2010

Fertilização

Fotos: Back to Black, super evento da Oi na Estação Leopoldina



                                                               Para Macu

Amiga,
Firme e fecundo é o solo em que pisam os que amam e são amados
na quente proteção ungida pela entrega e pela paciência
de aceitarmos uns aos outros num mar sem fim de diferenças

Violenta é a força do sentimento
que nem tempo nem distância dissolvem ou emparedam
por desconhecer zonas limítrofes

E doce, tão doce a voz que conforta e apazigua, pacifica
quando tudo é sombra, escuridão, temor

Querida,
Louvados os que se dedicam a fertilizar afetos profundos
e se irmanam seja em ensolarados veraneios
ou em paisagens interiores desérticas e glaciais
oferecendo-se como balsas e bálsamos

E a todas as lágrimas secam
e a todos os cortes cicatrizam
os medos anulam
os pesadelos cancelam
em aconchego transbordante e incondicional

Amada,
Neste teu dia tão especial, recebe meu abraço infinito
É linda e plena tua colheita
no arar desassombrado, duríssimo e perseverante da indomesticável e imprevisível terra

É (quase) primavera. Trago essa rosa para te dar: