quarta-feira, 2 de fevereiro de 2011

o mundo de dentro - e a vida lá fora

Pico da Bandeira: foto por Roberta Lenzi 


"A literatura é capaz de transformar o seu mundo?" A questão está posta em mais um dos tocantes artigos da jornalista Eliane Brum, em seu blog na Época, que pode ser lido em:


A mim, pelo menos, a resposta é sim, a literatura é sempre capaz de transformar o meu mundo. A viagem sem volta começou lá atrás com "Peter Pan", de Monteiro Lobato, e, no momento, percorre o corajosíssimo e comovente "Ribamar", de José Castello, em torno das relações com seu pai. Fui a nocaute, é o que posso dizer. Sobre a literatura, nosso tema em questão, Castello escreve no livro: "...eis uma palavra que, em vez de apontar um caminho, desponta um abismo". Céus...

Outra viagem maravilhosa faço no "Trem noturno para Lisboa" (Pascal Mercier). Trecho:"Será que tudo o que fazemos é pelo medo que temos da solidão? Será por isso que abrimos mão de todas as coisas das quais nos arrependeremos no fim da vida? Será por isso que tão raramente dizemos o que pensamos? Se não for por isso, porque é que insistimos em todos estes casamentos falidos, nas amizades hipócritas, nas tediosas festas de aniversário? O que aconteceria se rompêssemos com tudo isso, se acabássemos com a chantagem insidiosa e nos assumíssimos como somos? Se deixássemos irromper como uma fonte os desejos escravizados e a raiva pela sua escravidão? Pois em que consiste a solidão temida? No silêncio das admoestações que deixam de ser feitas? Na falta de necessidade de se esgueirar, sem respirar, pelo campo minado das mentiras conjugais e das meias verdades complacentes? Na densidade do tempo que se abre quando emudece o tiroteio de convites e combinações com os outros? E tudo isso não serão coisas maravilhosas? Não seria um estado paradisíaco? Por que, então, o medo? Será que, no fim das contas, é um medo que apenas existe porque não refletimos sobre o seu objeto? E por que estamos assim tão seguros de que os outros não invejariam se vissem como cresceu a nossa liberdade?".

Navego, também, por "Um erro emocional" (Cristovão Tezza) e "O Círculo Veloso-Guerra e Darius Milhau no Brasil", de Manoel Corrêa do Lago, sobre o modernismo musical no Rio de Janeiro antes da Semana de 22 (elegantíssima edição da Reler).

Nas telas, o bacana foi conhecer o Cinépolis, complexo de salas na Lagoa, onde vi "O Concerto" (final arrebatador em http://www.youtube.com/watch?v=zvR6qaMmBOE). Ah, o poder assombroso da música...E o local ficou ótimo, a vista é deslumbrante, dá pra ir de carro, a pé, de bicicleta...e, depois, esticar num quiosque (eu fui no Café do Lago).

Deixo os links para minhas matérias na Carioquice sobre Noel Rosa (http://monicasinelli.hdfree.com.br/noelrosa.pdf) e Sergio Porto (http://monicasinelli.hdfree.com.br/sergioporto.pdf).  

Pois, é. Viver é (também) escolher o tempo todo. Que possamos ter paixão por nossas escolhas.


A música é a emocionante "Universo no teu corpo", de - e com - Taiguara: