Caros,
Em resposta a comentários e emails que recebo perguntando sobre novos textos e o sumiço das enquetes:
Em relação a estas, adoro fazê-las e, com a quantidade de assunto disponível, poderia postar várias por dia. É sempre um momento bem humorado de observar criticamente o que estamos vivendo, sobretudo na vida nacional.
Mas os acontecimentos no final do ano me desestimularam: as cenas degradantes (e recorrentes) de dinheiro sendo enfiado em meias e calças em Brasília, com as criaturas em suposto (e inacreditável) momento de oração pela "graça" obtida; os oportunismos de imagem na COP-15; e - que horror! - o linguajar presidencial para exprimir saneamento básico - esse investimento de primeira necessidade cuja falta histórica compromete a dignidade de tantos brasileiros.
Sinceramente...é quase impossível eu não querer fazer graça de tudo. Mas sobre os dois primeiros itens, sem comentários. A respeito do último, acho de uma tristeza infinita que o presidente da República, à guisa de falar "a língua do povo" - e assim subestimar a capacidade de pessoas simples de entender palavras como "água" e "esgoto" - recorra a palavrão.Enquanto Lula é reverenciado como um mestre da comunicação, com suas metáforas futebolísticas para traduzir economês e politiquês, vá lá. Mas palavrão é recurso muito feio, vulgar, acho eu, mesmo no dia a dia e entre amigos. Que dirá na boca da maior autoridade do país.
Se meu filho chegasse em casa dizendo que o presidente quer tirar o povo da M, como explicar a ele que esse não é um modo adequado de se expressar? Tudo tão leviano, tão irresponsável. E tão impune. E o que dizer da tosca história do "porco e do dono do porco"? Caetano, recententemente, declarou que Lula se expressava de forma cafona e grosseira. Se fosse só cafona, uma questão - ainda que lamentável - estilística. Mas grosseria...Hoje, lendo a palestra de um empresário em 2008, ele disse: "Tenho às vezes vergonha de como ele (o presidente) fala". Que Lula agrida, sem dó nem piedade, a gramática e não demonstre um átimo de interesse em disfarçar o desprezo pela nossa língua, que restrinja esse "costume" deplorável a sua casa, ou ao seu palácio. Enfim, aos seus. Em público, exijamos mais. Nossas crianças merecem. Todos merecemos respeito e fala educada.Por fim, essa situação tristíssima em nosso Estado no início do ano. E, agora, indizível, no Haiti. Mentalizemos e oremos por todos. A respeito de nossa Dra. Zilda Arns, li no Globo um pensamento do teólogo Luiz Antonio Ricci, atribuído à Madre Teresa de Calcutá: "Não podemos permitir que uma pessoa deixe a nossa presença sem se sentir melhor e mais feliz".
Impossível agradecer a mobilização de tantos - médicos, bombeiros, voluntários, jornalistas - que, com todas as dificuldades, estão indo para lá, numa atitude impregnada de uma humanidade assombrosa.
Como sempre em grande forma, Sinelli.
ResponderExcluirPoderoso texto.
Bjs
Rafa
Monica
ResponderExcluirSe pra nós esse palavreado bronco do presidente já é o fim do mundo, fico imaginando pra vc, uma estilista refinada e de primeira linha...
Carlos Eduardo
É verdade, sua escrita fina deve se sentir profundamente agredida com esse inacreditável padrão presidencial.
ResponderExcluirParabéns, Mônica.
Que apesar de tudo que está acontecendo, você continue a nos encantar com as enquetes e os comentários bem humorados e tão próprios.
Um beijo.
Sandra.
É duro de aguentar mesmo! Ainda bem que temos aqui esse paraíso onde a nossa língua é tratada como a um cristal.
ResponderExcluirUm beijo, querida
Adriana