domingo, 4 de outubro de 2009

Que mistérios tem Clarisse






Nesse momento de grande alegria para nós brasileiros, principalmente os cariocas, gostaria de enaltecer mais coisas belas que o país e o Rio têm. Hoje, vou de música.








Clarisse Grova, carioca,
é a maior cantora do Brasil.

Para mim. E para muitos que realmente entendem de música, o que não é o meu caso. Certa vez, escrevi para The Voice que, em verdade, não havia a melhor cantora (ou cantor) do Brasil. Nem o melhor médico. Nem o melhor desenhista, ou cabeleireiro, ou mecânico, ou jornalista. O que existe é um perfil de profissional que, a nossos olhos, chegam mais perto de nossos desejos. Nesta perspectiva, apesar de, evidentemente, admirar outras cantoras, Clarisse, à minha percepção, é a mais perfeita em timbre, afinação, extensão, dicção e...emoção.

O mundo da música foi desde sempre extraordinariamente presente em mim. Em casa, ouvíamos de tudo: de Elis a Dick Farney, de Martinho da Vila a Bach, de Yes a Roberto Carlos, de Tito Madi a Nina Simone, de Bethânia a Bizet. Meu pai, médico, era um apaixonado por música, sempre muito aberto a novidades, se interessando tanto pelo software quanto pelo hardware. Não sei quem entre os meus amigos ouvia som quadrifônico em suas residências. Eu ouvia. Isso agora é poeira, mas na era mesosóica em que adolesci, som quadrifônico - surround dos seventies - era moderno pra caramba. Poder ouvir os instrumentos isoladamente nas 4 caixinhas...Se não me engano, The Dark Side of the Moon, do Pink Floyd, foi o primeiro disco a utilizar este sistema de reprodução sonoro.

Lembro de uma tarde, na saída do curso Oxford, em Ipanema, em que fui numa loja de discos importados que havia se instalado em frente. Sim, sou da época em que os lançamentos internacionais levavam séculos para cruzar os oceanos. E aos que não tinham paciência para esperar tanto, só restava recorrer à importação. O rapaz da loja - pálido, cult -, quando me viu, mandou: "seu pai esteve aqui hoje e comprou o Curved Air". Curved Air ??? Pelas madeixas de Rick Wakeman, desta vez Dr. Sylvio havia se superado. Nem eu, aficionada por rock progressivo, fazia leve ideia do que se tratava. Cheguei em casa: "mas que história de Curved Air é essa???" Era um som estranhíssimo, progressivo com...violinos!

Enfim, tudo isso para dizer que, sem jamais ter tido uma única aula de teoria musical, cresci escutando do bom e do melhor, sem distinção de gênero ou nacionalidade. Ouvia música o tempo todo, comprava discos e via shows sem parar. Aquele mágico universo me formou - e encantou - a ponto de me levar a trabalhar durante um bom tempo em torno dele.

Hoje, sobretudo se comparado ao que fazia, ouço música com extrema parcimônia. Porque ela está, de forma massacrante, em todo lugar: no táxi, no carro e na casa dos amigos, nos elevadores, nas lojas, nos consultórios, nas praias, wherever. Virou barulho, não fruição. Musak not music. Interditaram o silêncio. Tão fundamental para que se escutem as sonoridades sublimes.

Dada à formação eclética, sigo, a depender do momento, adorando ouvir tanto os noturnos de Chopin quanto "Impossível acreditar que perdi você", com Jerry Adriani. Porque é a música, sempre ela, nos tocando em profundidade os sentidos, memórias, alegrias e dores.

E, quando quero encontrar sua expressão mais vigorosa, comovente, avassaladora, misteriosa, como abençoada força da natureza, não dá outra: é Clarisse Grova na veia. A voz mais bonita que existe. De uns tempos pra cá, também compondo o fino.

Por isso, queria destacar aqui a Oficina da Voz Clarisse Grova (http://oficinadavoz.ning.com/), favoritíssima desde o primeiro momento nesta padaria. Viajem na companhia de quem sabe tudo sobre esse inesgotável, fascinante, transcendental planeta de sons.

Viva o Rio! Viva a arte!


  Clarisse Grova


9 comentários:

  1. Que delícia de texto, Monica. Assim como todos os outros.
    Adorei sua padaria! Estarei sempre por aqui.
    Um beijo.

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  2. Marina!
    Que bom vc por aqui...venha sempre!
    Bjs

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  3. Adorei o texto sobre a Clarisse Grova e concordo plenamente com você.
    Beijos

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  4. A propósito, precisamos combinar esse encontro, né, Vera?
    Obrigada pela visita.
    Um beijo.
    M

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  5. Depois da nossa temporada de acarajé, será muito bom!
    É sempre um refresco passar pela Padaria.
    beijos

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  6. Monica, lindo e verdadeiro tudo dito, ouvido e sentido a partir da Clarisse; sou do meio e desde 1980 grito para quem quiser ouvir: "CLARISSE É A MAIOR CANTORA DO BRASIL".

    Celia Vaz

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  7. Ah, não falei que não era só opinião de leiga? Taí, a super Celia Vaz com suas palavras repletas de autoridade. Obrigada, maestra, pela visita e, também, por sua grande participação na nossa música.
    Monica

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  8. Mônica Sinelli!!! Estou direto aqui, entre seus convidados crocantes, seus pensamentos borbulhantes em taças e a sua generosa porção de doçura, servida em belas palavras. Nossa... que Padaria!!!! Obrigada! Bj, Clarisse Grova

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  9. Nem sei o que dizer, Grova...
    Então, o melhor é o silêncio para ouvi-la. Como sempre.
    Um beijo.
    M

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