quinta-feira, 17 de dezembro de 2009

Busca & Fertilidade


A questão não é o que se come entre o Natal e o Ano Novo, mas o que se come entre o Ano Novo e o Natal. Ah, quanta sabedoria embutida nesta singela frase...

Como em todo final de ano, aparecem aquelas enxurradas de dicas na mídia a nos orientar como não adquirir (mais) calorias indesejáveis neste período.

Gente, na boa, quem é que pode engordar mais que um quilo - um e meio, vá lá que seja - em apenas uma semana? E se acontecer? A alface não há ter sido criada em vão! E o agrião está aí para quê?

Os conselhos chegam aos turbilhões. Privilegie as frutas, frescas e secas. As nuts fazem bem à saúde, mas consuma com moderação, porque têm muita gordura, embora não trans. Eleja carnes magras. Vá de saladas com molhos lights, à base de iogurte. Faça um lanchinho antes da ceia, tipo meia fatia de pão integral, meia fatia de queijo branco e meia fatia de peito de peru. E não esqueça de levar uma maçã, para resistir às tentações das sobremesas.

Como é que é??? Fazer lanchinho antes de ceias preparadas com tanto esmero, com as comidas mais deliciosas? Vê lá se sou mulher de comer gelatina para me prevenir contra torta de chocolate! Ainda mais por ostentar com orgulho o salvo conduto de não pisar no mesmo ambiente frequentado por rabanadas. Só de pensar naquela fritura açucarada embebida em ovo e leite...blargh! Nem deixando a Defesa Civil de sobreaviso. Honestamente, há que se ter dignidade até para engordar.

Cara, se já temos que atravessar o ano todo evitando frituras, gorduras e tudo o mais, será que não dá para uma vez ao ano merecermos uma farofa multifacetada, com, digamos, assim, uma dúzia de ingredientes, de castanha a azeitona?

Minha indignação atingiu o clímax ao ler, outro dia, uma matéria com orientações para que a criança não engorde em uma festa de aniversário...Ah, peralá, vamos ser francos! Quem gosta de comer em festa de criança somos nós, adultos!!! Desde quando crianças, se têm, no cotidiano uma alimentação equilibrada, engordam em suas comemorações? Estão mais ocupadas em gastar calorias, brincando sem parar.

O fato é que ninguém vive sem comida. A falta dela é responsável pelo triste quadro que bem sabemos existir em nosso e em muitos países.

Quando criança, não havia o que me fizesse entender a importância do tal “comércio de especiarias” no circuito econômico internacional. E o caminho marítimo para as Índias, concebido com o intuito de monopolizar esse business? As especiarias eram consideradas o ouro das Índias. A canela, o gengibre e a pimenta, produtos difíceis de obter e pelos quais se esperavam mercadores do Oriente.

Minha visão infantil de subsistência sustentável não conseguia assimilar que o mundo necessitasse tanto de commodities além de feijão, arroz, bife, purê de batatas, biscoitos e, blue chips!, granulados de chocolate para o brigadeiro.

Com o passar do tempo, fui reconhecendo que, de fato, a vida sobre a Terra não é possível sem pimenta do reino. Comida é cultura e, como tal, um dos elementos importantes para recontar a história dos povos – e seus manejos de sobrevivência. E, fundamentalmente, um convergente de afetos em volta de uma mesa.

Ah, quer saber? Entendo os que são obcecados por não engordar 1 grama. Afinal, equilíbrio é indispensável. E seus corpinhos precisam estar em harmonia com a tenrice dos respectivos cérebros.

Neste Natal, quem é de apreciar a boa mesa, que aprecie, sem neuras.

O mais fino alimento será sempre abraçar os que amamos.



O melhor de tudo é que, mesmo que o tempo desconheça a cronologia humana, podemos aproveitar o efeito simbólico para um recomeçar diferente. Que não fique apenas em iniciar uma dieta.

Em tempos de preocupação mundial com o bem estar do planeta, que tal estabelecer metas voluntárias de mitigação de sobrepesos emocionais, desimportâncias, ruídos paralisantes, avarezas e saudades, por exemplo?

Essa padaria, que se empenha com afinco no garimpo de ambrosias físicas e espirituais, deseja-vos:

* Busca, sempre – essa palavra mágica. E que trabalho que dá! Tão mais fácil o conforto do já conquistado, copiar os desenhos tantas vezes já feitos.

* E fertilidade.


Obs: Baideuêi, alvíssaras: até que enfim achei um patê de fígado decente - não industrializado, ça va sans dire. A quem interessar, no Talho Capixaba: Patê Toscano. Geladinho, com torrada integral. Bonzão!



Padaria Momento Explosão Passional:

Ana Carolina canta “Evidências” (José Augusto-Paulo S. Valle):
http://www.youtube.com/watch?v=SH9rZV0FqPA

Chicas cantam “Espumas ao vento” (Accioly Neto):

6 comentários:

  1. Dá-lhe Sinelli! Assino embaixo, em cima, dos lados, onde mais for preciso.
    Também adorei a indicação das músicas.
    Bjs
    Rafael

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  2. Ô figuraça! Demais esse post.
    Bjssssssssssss
    Denise

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  3. Monica, essa padaria tem muita coisa quentinha e nova. Pelo menos para mim. Chicas??? Gostei do video, da Ana Carolina, eu gosto muito dela. Desses lugares, vi as fotos e estou com vontade de conhecer, a comida deve ser o "bicho".
    Bjs carol

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  4. Carol, assim que vc chegar de London, London vamos ver isso tudo.
    xxx!
    M

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